Muitos diriam que o movimento estudantil está morto. Perdeu suas ideologias, perdeu sua força, seriedade e comprometimento social. Mas não é bem assim.
O ME está vivo, é certo que não como antigamente, no qual tinha-se uma seriedade maior e um comprometimento de fazer política estudantil e não autopromoção de imagem, como se vê muito nos dias atuais.
Podemos apontar vários fatores para explicar o porquê da fraqueza deles nos dias atuais, mas eu diria apenas uma: é bonito ser membro do DA.
Como todo movimento que começa sério e de forma atuante e que demonstra, acima de tudo, um respaldo social para as pessoas que participam, este virou popular. Todo playboy pseudo-intelectual quer fazer política estudantil para aparecer, pegar mulher, promover sua carreira política e encher de orgulho o peito do papai que foi um ex-militante. “Houve uma popularização destrutiva das ideologias estudantis por causa da entrada de militantes fracos e patéticos, que estão preocupados com tudo, menos na construção do espaço universitário e social”[1].
Como digo, isto não é geral, ainda existe, e como existem pessoas comprometidas de verdade no ME, porém estão se tornando minoria a cada dia que passa. Alguns usam o ME como trampolim político, e essa é a 1° imagem que vem à cabeça do estudante quando vê um rapaz que diz fazer política estudantil: “ este ai será um futuro prefeito”.
Mas qual seria o papel de um movimento estudantil na conjuntura atual? Como ele pode transformar a sociedade, ou a própria universidade pública numa entidade que traga ao estudante um ensino de qualidade e uma estrutura adequada?
Para não ser muito prolixo, colocarei apenas um exemplo de como deve ser a atuação estudantil. Cobrança! Isso mesmo, cobrança!!!!
O movimento tem que ir à direção e cobrar, fazer pressão, cobrar professores em sala, cobrar uma melhor estrutura, cobrar livros novos na biblioteca, cobrar mais segurança e muitas outras coisas. As que enumerei aqui são apenas algumas das tantas que podem ser feitas na universidade, fora as que podem ser feitas para a sociedade que num outro momento enumero.
Vejamos um exemplo: se a sua biblioteca tem alguns volumes obsoletos e tantos outros que nem possui, o que você faria? Pergunto tanto ao movimento estudantil, como ao estudante sem está vinculado a movimento estudantil.
Vá cobrar do reitor, faça barulho, exija da coordenação que se movimente. A verba do governo federal vem justamente para isso, se o acervo não é renovado é porque a gestão não liga para tal.
Porém, em muitas universidades PÚBLICAS o que nós vemos são estudantes fazendo cotinha para comprar livros novos, indo as ruas pedir dinheiro no sinal, ou até os próprios movimentos estudantis, numa atitude puramente eleitoreira, compram os livros para agradar seus eleitores menos politizados.
Isso é um erro, é assistencialismo barato é a conformação da irresponsabilidade e incoerência estudantil.
Vejamos se o seu professor falta às aulas, o que vocês farão? Juntarão os estudantes, farão um cotinha e com o dinheiro arrecadado pagarão a um professor particular? Se o quadro negro não funciona, vocês comprarão outro? Se a estrutura está péssima, vocês pagarão o concerto da universidade?
Lógico que a resposta para todas estas perguntas é não! Todas estas medidas são apolíticas, são uma forma infantil e insuficiente de resolver os problemas de nossas universidades públicas.
Cabe a nós, organizar-mos, movimentar-mos e irmos cobrar, fazer mobilização, ir à reitoria, fazer protesto. O dinheiro existe e está sendo empregado onde?
O problema é que o estudante universitário está hibernando intelectualmente, encontra-se gordo e sonolento, qualquer solução fácil e barata tem para ele um caráter sólido e eficiente por puro comodismo.
Vamos lá estudantes, cobrem um melhor espaço, uma melhor estrutura, não fiquem cegos e confiantes nos ME’s de suas universidades, muitos deles têm uma atuação barata e peleguista, disso a universidade pública não precisa.
Precisa de movimentação dos estudantes, sem isso, ficaremos pagando, além dos impostos, por um ensino que deveria ser gratuito e de qualidade.
[1] Trecho retirado da fala de um estudante, num congresso da UNE.