domingo, 17 de maio de 2009

Que venham muitas crises

O mundo se modifica com as crises. Crise não é algo necessariamente ruim, como muita gente acha. O mundo estava em crise quando ocorreu a revolução francesa, o mundo estava em crise quando houve a reforma protestante, o mundo estava em crise quando houve a semana de arte moderna. Sei que existem diferentes conceitos para crise, e as que estamos passando agora é de caráter econômico, e não social ou político como expostas acima. Até as crises de caráter econômico trazem benefícios a posteriori. Porque se há crise, então algo não vai bem e depois disso há uma mudança na conjuntura que havia. Então encontramos um sinônimo para crise, mudança, revolução.


Sim após esta crise o mundo não será mais o mesmo: alguns brindam o fim do neoliberalismo; outros o fim dos EUA. É cedo para dar diagnósticos precisos sobre que efeitos serão visíveis diante este cenário, mas certamente o mundo não será como agora. E isto é bom?

Momentos de crise aguçam o lado criador do homem. Parece que o homem precisa de um impulso para produzir, e as crises em geral são acompanhadas por uma explosão de novas idéias, cientificamente falando e culturalmente falando. Alguns dizem que o momento de letargia vivido pelo mundo nas últimas décadas favoreceu o seu empobrecimento cultural e que a decorrência disso é uma apatia nas produções. Como se nada de realmente bom ou inovador houvesse surgido.

Se olharmos para a musica tem muita coisa boa surgindo, mas também há muita porcaria que merece o lixo do esquecimento. Creio que há mais porcaria que algo bom, inspirador e inovador.

Teríamos uma proporção de 8 para 2 se assim formos quantificar. Na literatura, também vemos um fenômeno parecido, poucos dos novos escritores encantam, são bons de verdade. A grande maioria vende milhões de livro com um livro e após isso desaparece como se a fonte tivesse secado. E uma crise no momento de agora, pelo menos para mim, parece propiciar uma quebra de paradigmas e valores que certamente irão se refletir na arte em geral. Não só na arte como na política, economia, e na sociedade como um todo.

Uma balançada assim para fazer o grande urso gordo e preguiçoso da humanidade acordar para produzir e ser autocritico de sua posição neste cenário.

Um exemplo que trago é a faculdade que estudo. Ela tem um passado glorioso que enche de imaginação quem estuda lá. Mas seu presente é desolador. Não se vê produção de muita coisa, não se vê muitas discussões. O máximo que se vê são indivíduos traçando seus projetos pessoais sem preocupação ou consciência de que existe um mundo que os rodeiam e que é preciso fazer algo de proveitoso nesta passagem pela vida além de encher a cara, ganhar dinheiro e fazer muito sexo.

Não sou saudosista com o passado. Sei que nada é 100% perfeito em conjuntura nenhuma da históri, mas seria ingenuidade minha querer comparar a produção artística e cultural da humanidade atual com de algumas décadas passadas. Seria no mínimo querer quantificar uma projeção que faço na teoria.

Fica ai as indagações, reflexões e esperanças para que o futuro seja melhor do que agora. O que nós podemos fazer para isso? Eu não sei muito bem, já tentei fazer algumas coisas, mas ainda não obtive resultados plausíveis. A questão é que agora me encontro sentado, na frente da maior tecnologia do século 20, escrevendo num blog para que no máximo 2 pessoas leiam e após isso vou espionar a vida alheia no orkut.

Muito revolucionário isso não?

É o grande problema é a inércia e comodidade, está tudo muito fácil. Uma crise vai abalar o sistema e nos fazer movimentar de verdade. Eu clamo por isso, antes que ganhe peso e fique com preguiça de sair da frente do COMPUTADOR.

por MARCELLO BORBA ARAQUAN BORGES