sábado, 27 de março de 2010

Reno é menor do que dizem documentos oficiais.


Bruno Kremer, da Universidade de Colônia, fazia uma pesquisa sobre o rio quando se deparou com o erro. Em vez de 1.320 quilômetros, o rio mais navegável da Alemanha teria 1.230.

O rio Reno, o maior da Alemanha, é na verdade menor do que descrito em enciclopédias e documentos oficiais. E não se trata de algum efeito causado por um fenômeno natural.

Em vez dos 1.320 quilômetros de extensão até então creditados ao Reno, o rio tem aproximadamente 90 quilômetros a menos. O erro foi descoberto pelo biólogo Bruno Kremer, da Universidade de Colônia, e está na capa do jornal alemão Süddeutsche Zeitung neste sábado (27/03).

O rochedo Loreley, um dos símbolos do Reno, durante o verão

Refazendo as contas

A falha foi descoberta acidentalmente pelo biólogo: ele trabalhava numa publicação sobre o mais navegável dos rios alemães quando se deparou com números duvidosos.

"Eu percebi que, nos livros da primeira metade do século 20, o Reno era citado como sendo mais curto do que é agora: com um comprimento de aproximadamente 1.230 quilômetros. As enciclopédias modernas e muitas publicações do governo dizem que o rio tem 1.320 quilômetros", explicou Kremer ao jornal.

Para tirar a prova, Kremer foi até a fonte do problema: verificou o marco zero do rio no território alemão, que fica na cidade de Constança, e a região de Hoek von Holland, onde o Reno entra no mar e onde está o marco quilométrico indicando o km 1.036.

O biólogo então adicionou a extensão do Lago Constança e a parte suíça do rio – a soma apontou 1.233 quilômetros. "Nós refizemos os cálculos e chegamos a 1.232 quilômetros", disse Ankie Pannekoek, porta-voz do departamento hidrológico do governo holandês.

"Nós também temos o número 1.320 nas nossas publicações, apesar de sempre termos uma grande dúvida internamente", justificou ao Süddeutsche Zeitung o porta-voz do Instituto Federal de Hidrologia da Alemanha, Alfred Hommes.

Em abril, a comissão de hidrologia da área do Reno deve se reunir para checar a real extensão do rio "e, se for necessário, fazer uma correção oficial", completa Hommes.

Como o erro aconteceu

Segundo o jornal alemão, a troca dos números pode ter acontecido por volta da década de 1930 – as edições das enciclopédias Brockhaus de 1903, da Herder de 1907 e da Meyer de 1909 apresentam a extensão de 1.230 quilômetros.

No entanto, na enciclopédia Knaurs de 1932, o segundo e o terceiro dígitos estão invertidos, transformando-se em 1.320. Na Brockhaus, o erro aparece pela primeira vez em 1933, permanecendo até os dias atuais.

O Museu do Reno de Koblenz já fez a correção, segundo depoimento do diretor Rainer Doetsch. A editora Brockhaus informou que fará a alteração na próxima edição e o dado também deve ser retificado nos livros escolares.

terça-feira, 23 de março de 2010

Gestão sustentável da água é desafio global

À primeira vista, nossas reservas de água são inesgotáveis: mares, lagos, rios e outras fontes cobrem grande parte da superfície do planeta. Porém somente 2,5% desses recursos são compostos por água potável. E essas reservas escasseiam com rapidez crescente, quer através do consumo desenfreado, quer devido à poluição.

O caso do Rio Citarum

Arsênico, metais pesados, fósforo, nitratos: o ciclo global da água é como uma cloaca – o que se introduz nele também sai do outro lado. E o preço da industrialização do mundo é água poluída e contaminada, tanto pelas fábricas como pelos assentamentos humanos.

Quase sempre o crescimento econômico teve primazia diante do meio ambiente. Foi assim que, com a industrialização do Vale do Ruhr, na Alemanha, sufocaram-se os rios Reno, Ruhr e Ems com os dejetos da indústria de carvão mineral e aço. Os pescadores desempregados amaldiçoavam os intragáveis "peixes de fenol".

Somente na segunda metade do século passado a legislação foi alterada de modo a impedir que águas residuais da indústria fossem lançadas nos rios sem tratamento prévio. Fiscalizações regulares e a ameaça de multas cuidam para que indústria e agropecuária respeitem as normas vigentes.

No entanto, há necessidade de fazer muito mais, insta o biólogo marinho Thilo Maack, da organização ambientalista Greenpeace. Antes mesmo da produção, é preciso assegurar que tudo, no processo produtivo, seja biodegradável. No caso do plástico, por exemplo, suas ligações e componentes químicos permanecerão décadas, mesmo séculos, no meio ambiente.

"Só deve ser permitido plástico que possa ser reciclado", exige Maack. É o que ele chama "fechar o ciclo de materiais". Um ciclo sustentável, portanto, onde na cloaca global só entre o que seja naturalmente degradável. E onde o critério para julgar uma produção efetiva não sejam apenas as perspectivas de faturamento, mas sim, em primeira linha, a conformidade ecológica.