quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

A maré de esquerda na América latina ( O medo da direita)

Por Marcello Borba.

A imprensa fala com arrepios da maré de esquerdismo que assola a América latina: Chavez é um monstro, Evo um futuro ditador. Quando se referem a tais governantes só retratam o aspecto negativo de suas medidas, ou, exageram a noticia para criar alarde.
O fato é que o continente foi assolado, principalmente depois da metade do século XX por ditaduras direitistas sanguinárias patrocinadas pelos EUA, no auge da guerra fria; ditaduras que coibiram a expressão popular e denegaram a maior parte da população-humilde- à mercê dos fatos políticos e na sarjeta dos direitos sociais.
Ocorre que, nestes países uma esperança veio surgindo, a esquerda proclamou mudanças, propôs melhorias e se caso chegasse ao poder diminuiria a enorme desigualdade social existente. Foi assim em todos estes países: Brasil, Bolívia, Chile, Venezuela, Paraguai, Peru, Equador.


A imprensa burguesa tem medo, tem medo que esta maré não acabe, tem medo mais ainda de que a esquerda cumpra o que prometeu, e caso isso ocorra é a pior derrota que o direitismo poderia levar.

Vamos analisar um caso: a Bolívia.

A Bolívia é o país mais pobre da América Latina, com a maior desigualdade social do continente e se formos somar todos os golpes militares que sofreu desde a sua independência há quase 200 anos, teremos quase 97 anos de ditaduras. Isso mesmo, 97 anos. Ou seja, o país mais pobre e mais desigual é o fruto extremo do conservadorismo excludente. A população encontrou esperança de mudança naquele rapaz, com cara de índio simpático: Evo Moralles, ele é para a população humilde do país a última esperança que resta.

No início do mês recebo uma notícia de arrepiar o cabelo: Evo acaba com o analfabetismo na Bolívia. Antes que os direitistas de plantão conclamem: (ah isto é ilusório, quantos analfabetos funcionais não existem ainda neste país?), vou ponderar que este foi o primeiro passo, milhões de pessoas que não sabiam nem assinar um nome, nem ler o mais simples bilhete agora podem desfrutar deste prazer. A alfabetização continua, pois esse foi o primeiro passo de uma grande mudança no país. Podem se sentar conservadores.

A Bolívia não conseguiu isso sozinha, ela contou com a ajuda da Venezuela e de Cuba, sim Cuba. Cuba foi um exemplo quando se tornou o primeiro país da América latina a abolir o analfabetismo, e o método que deu certo em Cuba foi transferido para a Bolívia com os ajustes necessários.

E este é o maior medo que a direita tem, quando os governantes de esquerda se unem para se ajudarem mutuamente, quando eles trocam favores para o bem comum.

Mas a imprensa publicou isso? Os jornais de grande circulação falaram sobre isso? Falaram da maneira mais breve possível, como se fosse uma doença sem atenção. Agora quando é para dizer que Chavez comprou aviões, ou para mostrar a rebelião dos direitistas que querem o fim do governo Evo eles fazem uma cobertura completa. É companheiros, eles têm medo da mudança de verdade, alertam sobre fatos infimios e escondem fatos grandiosos.

E isso é com todos os países, o Brasil, por exemplo: está com um governo de esquerda no poder, um governo que está focando sua atenção na população comum( claro que o empresariado está também sendo contemplado, O pai dos pobres e mãe dos ricos.) e por isso nossas notícias também são vinculadas no mesmo esquema de manipulação.

A Colômbia, por exemplo, ela é capacho do governo norte americano, suas atitudes são retratadas como um exemplo a ser seguido. Pode reparar que seu governo é quase sempre elogiado como: o governo que está combatendo as FARC, o governo que está diminuindo a violência em Bogotá, e etc. isso é só a ponta do iceberg, não posso negar que tudo isso é louvável, é sim. Porém não é só isso, existe um investimento americano pesado, que cobra muito caro, existe uma truculência policial muito forte, mas nada disso é retratado. É apenas mostrado turistas desfilando em paz e contentes com as “mudanças”, mas não há mudança. O governo continua excludente, sem tentar mudar a condição social de milhares de pessoas, sem prestar a devida atenção a quem realmente precisa.

A Colômbia é, na verdade, um dos poucos países direitistas presentes no grande mar esquerdo, por isso suas noticias sempre são elogiosas.

O que venho aqui conclamar com este texto não é um elogio à esquerda, ou a ditadores, nem salvadores da pátria, é apenas uma análise sincera dos fatos, o que ocorre é isso.
A esquerda está mudando cada um dos países no qual estão no poder, mas nada disso é retratado, quem quer mudança social? Quem quer o povo pensando?
Todo o grande entrave que possuímos hoje é um reflexo da época das ditaduras, no Brasil foi a época que o Brasil aumentou vertiginosamente sua divida externa e a população humilde foi mais massacrada na desigualdade social e renda. O que nos vem afrontando agora, não é nenhuma imposição de articulação da esquerda mundial, é apenas o reflexo de que a população estava cansada de ser explorada por governos que não estavam nem aí para eles. E que a esquerda é a esperança de mudar algo, de melhora para o trabalhador oprimido e excluído.

Um outro fato curioso é que a imprensa quer que acreditemos que Obama é a nova face Americana, que será bonzinho e justo com todos. Não se iluda, não será. Ele é apenas mais uma face do imperialismo Americano, ele pode até ser menos ruim que os outros, mas não será diferente. A idéia de mudança, de melhorias para todos é apenas ilusória e alienante, Obama irá defender os interesses de seu país, e não do mundo inteiro. Ele é democrata, é, menos mal, os republicanos são realmente os que mais criaram guerras e são menos propensos ao diálogo, mas não esqueça, não há muita diferença entre democratas e republicanos, no fim todos são imperialistas.