terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

ALEXANDER VON HUMBOLDT - O PAI DA GEOGRAFIA MODERNA

Naturalista, explorador e reconhecido como um dos "pais" da Geografia moderna, Alexander von Humboldt (1769-1859) trouxe enorme contribuição a diferentes áreas do conhecimento, como a Geologia, a climatologia, oceanografia e biogeografia.

Descendente de família nobre de Berlim, Humboldt nasceu durante o período em que a Alemanha ainda lutava por sua unificação. Estudou Filosofia, História e Ciências Naturais nas Universidades de Göttingen e Frankfurt. Anos mais tarde, passou a se dedicar às pesquisas científicas.

Mais que um mero técnico de gabinete, Humboldt dedicou-se à investigação de campo. Assim, participou de inúmeras expedições pela Europa, Ásia e América Latina. Gastou a maior parte da fortuna que herdou nas suas viagens e na publicação de suas obras. Foi o primeiro a empregar isotermas para representar regiões de temperaturas iguais, a demonstrar a diminuição de intensidade magnética do pólo ao equador e a situar o equador magnético no Peru. Em sua época, foi um dos maiores pesquisadores das camadas da terra, do vulcanismo e das correntes marítimas, entre as quais a que ganhou seu nome.

Em sua primeira expedição, acompanhou George Forster - importante naturalista em uma jornada ao longo do vale do Reno. Daí surgiu seu primeiro estudo, chamado Observações sobre o Basalto do Reno.

Do século XVIII para o XIX, Humboldt viajou pela América Latina com o botânico francês Aimé Bonpland. Em sua expedição pelos rios Orinoco e Amazonas, na Venezuela, localizou a existência de uma comunicação entre os sistemas dessas duas importantes bacias hidrográficas da América do Sul. No Equador, escalou o Monte Chimborazo, de 6 mil metros de altitude, um recorde para a época. O naturalista esteve também no Peru, onde estudou as correntes marítimas, morou por quase um ano no México, além de uma breve passagem pelos Estados Unidos.
Monte Chimborazo - Equador

Ao retornar à Europa, foi morar em Paris, cidade na qual passou a publicar seus estudos e a fomentar a criação de sociedades científicas e geográficas. Dentre os livros que escreveu destacam-se Quadros da Natureza e Kosmos, obra de cinco volumes, lançada entre 1845 e 1862, em que Humboldt deixa clara sua visão de que a Geografia seria uma ciência de síntese, idéia que repercutiria por muitos anos entre os geógrafos.

O explorador também se preocupou com as organizações políticas e sociais das sociedades humanas. Por receber influências do Iluminismo francês e do Positivismo de August Comte, acabou recorrendo ao estabelecimento de leis gerais que explicassem suas observações, fato que posteriormente seria muito criticado.

Como resultado de suas investigações, e Humboldt contribuiu para um enorme avanço das ciências naturais, ao descrever plantas, animais e acidentes geográficos até então desconhecidos dos europeus. Em razão dessas contribuições, atualmente, dezenas de espécies animais e vegetais, além de alguns rios, montanhas e cidades, rendem homenagem ao explorador. Como exemplo, podem ser citadas a corrente marítima de Humboldt, que banha a costa pacífica da América do Sul; o rio e a cadeia de montanhas Humboldt, no Estado de Nevada (EUA); além de Parques com seu nome em Cuba, no Peru e nos EUA.

O trabalho de Humboldt influenciou muitos pesquisadores e escritores do séc. XIX, entre eles Edgard Alan Poe e Charles Darwin. Poe dedicou sua obra Eureka a geógrafo alemão, ao se inspirar em Kosmos para realizar seu projeto, Darwin, por sua vez, fez inúmeras referências a Humboldt no livro A Viagem do Beagle, no qual o biólogo inglês descreve suas explorações científicas na América.

Em seus últimos anos de vida, Humboldt voltou para Berlim, onde, além de lecionar, se tornou conselheiro do rei da Prússia, Morreu em maio de 1859, meses antes de completar 90 anos, deixando enorme legado para a Ciência, Com outro alemão, Karl Ritter, deu o pontapé inicial à Ciência geográfica.

EXPEDIÇÃO NO BRASIL

Em 1800, durante suas navegações pela Amazônia, Humboldt e Bonpland dariam continuidade às investigações em território brasileiro, 'não fossem impedidos por uma patrulha portuguesa. Desconfiados da presença desses homens brancos de lunetas, os guardas portugueses logo os acusaram de espionagem. Sem saber que haviam transposto a fronteira, os exploradores acabaram presos e tiveram seus equipamentos apreendidos. Oito meses se passaram até que o naturalista e seu companheiro de viagem fossem soltos.

Décadas depois, quando o Brasil já havia conquistado sua independência de Portugal, Humboldt foi convidado para arbitrar a respeito de um litígio de fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Sem guardar rancor da situação que vivera, o explorador alemão votou a favor de nosso país. Dois séculos depois, como forma de saldar uma dívida histórica, um grupo de cientistas brasileiros completou aquela que seria a missão de Humboldt no Brasil.

Fonte:
Revista Discutindo Geografia nº13